Sobre futebol real e virtual.
Créditos:
As descontextualizadas análises de certos especialistas em futebol sobre a derrota do Palmeiras para o Tigres.
Confesso que não sou adepto de jogos eletrônicos, mas já joguei partidas de futebol nesses videogames mais sofisticados e até mesmo jogos mais simples como Brasfoot e Elifoot, nos quais você é ao mesmo tempo técnico e dirigente do clube. Quando chega o momento de escalar o time o game lhe dá as opções de esquemas táticos, informa o nível de energia dos jogadores, estatísticas, dados e opções variadas. É divertido e um bom passatempo.
Lendo alguns medalhões da crônica esportiva ontem à noite e hoje pela manhã, me veio essa lembrança dos vídeo games e jogos de computador aos quais me referi. Um destes comentaristas fez duras críticas ao técnico Abel Ferreira, dizendo-se profundamente desapontado com o que viu na partida de ontem. Talvez, no fundo, a grande decepção do ilustre analista seja que seu time de coração não estava lá e nem chegou perto de estar. Mas deixemos de lado as ilações e nos atenhamos aos argumentos do analista em questão. Abstraindo completamente o contexto em que ocorreu o jogo, o comentarista queria um Palmeiras mais agressivo, com marcação em linha alta, pressionando a saída de bola do Tigres e jogando com muito mais intensidade. Chegou a acusar o técnico Abel Ferreira de covardia.
Um outro, também famoso, mas também clubista, falou bastante em falta de repertório e coisas do tipo. Um terceiro insistiu na falta de intensidade e também criticou a opção de Abel Ferreira de jogar com apenas dois atacantes.
Aqui, depois de conversar com outros palmeirenses amigos e até mesmo alguns torcedores rivais, mas daqueles que após a inevitável zoeira passam a analisar futebol, me veio essa impressão de que grande parte desses comentaristas esportivos pensam o futebol e o trabalho dos treinadores como o de jogadores de vídeo game. Oras, por que o Abel Ferreira não apertou o botão de configurações e adotou um esquema mais ofensivo? O que o impediu de clicar com o mouse na opção “Ataque Total” após o gol do Tigres? Será que o treinador português não sabia que dava para aumentar a intensidade nas opções do jogo? Ninguém do Staff do nosso técnico o avisou que ele poderia mudar a chavinha e usar o esquema com quatro atacantes? Puxa, que lamentável.
No mundo real, entretanto, as opções eram bem mais reduzidas. Embora eu tenha ficado frustrado e inevitavelmente aborrecido com a derrota, também compreendo que as opções que nosso treinador tinha a sua disposição eram bem menores do que imaginam esses comentaristas. Para o ataque mesmo, só havia o William. No segundo tempo, Luiz Adriano, visivelmente esgotado, não foi substituído por não ter reserva. Por mais que ele tentasse, não conseguia fazer a pressão na saída de bola que o momento exigia. As opções para o meio-campo ou laterais também eram reduzidas e Abel Ferreira as usou.
Assim que passarem as vinte e quatro horas que nosso treinador considera necessárias para comemorar vitórias ou assimilar derrotas, o que deve ficar é a certeza que tem sido uma temporada acima das expectativas, com a histórica conquista da Libertadores, mas que certamente precisaremos reforços em várias posições e mais peças para compor o elenco. Que nossa diretoria e nossa torcida não se deixem influenciar pelas contingências e continuem dando respaldo ao trabalho de Abel Ferreira e sua equipe. Já aos ilustres comentaristas, quem sabe se após a vacinação e com a volta aos estádios eles possam perceber que ali no campo estão seres humanos e não avatares eletrônicos.
Fubalee
Palmeirense de berço, nascido nos tempos da gloriosa academia. Historiador, Geógrafo, bebedor de cerveja e vinho e apaixonado pelo Palmeiras. Instagram : Jose.Carlos.Fubalee Facebook : José Carlos Laicidade
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O time joga a cada 3 dias. Impossível pressionar todos os jogos. Discordo de algumas opções do Abel, mas o trabalho está no caminho certo. Com tempo e reforços pontuais, temos tudo pra ter mais um ano glorioso. Para o desespero da imprensa gambá e carioca kkkk