O jornalista José María García  lançou uma denúncia escandalosa contra Florentino Pérez, presidente do Real Madrid. Segundo García, o líder máximo do Real Madrid queria suborná-lo durante um jantar. O jornalista revelou que  Florentino Pérez utilizou um intermediário para acertar o encontro e que foi explícito em sua proposta.

“Um amigo meu me ligou, era ministro e me disse que Florentino Pérez queria jantar comigo, foi a enésima pessoa que me propôs. Aceitei apenas um café e ele foi contar tudo o que pensava. Fiquei calado. Uma semana depois, Florentino me ligou e me convenceu a jantar. Na hora do jantar, surgiu o tema das Torres de Madrid e ele disse: ‘Quanto custa para você olhar para o outro lado?’ É a primeira e única vez que isso aconteceu comigo “, disse Garcia.

O famoso radialista tem sido um dos maiores críticos de Florentino nos últimos 15 anos e acusa o presidente do Real Madrid de ser “o presidente mais corrupto do futebol espanhol”,  e de passar pelas redações dos jornais  “pedindo cabeças”, entre outras coisas. Além disso, Garcia criticou duramente o ex-presidente espanhol  José María Aznar. Ele conta que tinha acertado um contrato de cinco anos na rede COPE e foi cancelado por influência direta de Aznar: “O escândalo das torres é o maior escândalo da democracia espanhola. Aznar, o cavalheiro de bigode e arrogância, me pediu para ajudar o Real Madrid, foi quando percebi a aliança entre Florentino e Aznar. Ele é o maior ditador que já conheci!”

O que são as quatro torres de Madrid?

A equipe do Atrás do Gol apurou as informações para saber do que trata a denuncia feita por Garcia.

Garcia se refere às quatro torres de 250 metros e 50 andares que Florentino construiu em Castellana. 

Tudo começou em 1960, quando a Câmara Municipal de Madrid desapropriou um terreno de 141.961 metros quadrados para o Real Madrid ter um campo de treinamento. Com Florentino Pérez à frente, o clube conseguiu transformar o terreno em edificável e o Real Madrid se beneficiou de forma extraordinária.

Matilde Fernández ex-representante da Câmara Municipal de Madrid , fala: “O Real Madrid ganhou 500 milhões de euros na requalificação do terreno”

O terreno havia sido desapropriado pela Câmara Municipal em 1960 para que o Real Madrid pudesse construir seus campos de treinamento depois de comprá-lo por 11 milhões de pesetas. Após a sua chegada à presidência em 2000, Florentina Pérez conseguiu o que os seus antecessores tentaram durante décadas, converter em áreas edificáveis ​​os terrenos classificados como esportivos nos  sucessivos planos urbanísticos. Possui uma área edificável de 1,7 metros por metro quadrado quando na vizinhança é de 0,3 metros quadrados de terreno.

Pérez não foi impedido nessa ocasião pela Comissão Europeia, que abriu uma investigação formal sobre a venda do terreno da antiga cidade esportiva, mas fechou-a em 2004 quando não encontrou indícios de crime, apesar de os  ex-proprietários  das terras desapropriadas alegarem que a desapropriação para fins não esportivos não estava contemplada em hipótese alguma e exigirem a devolução dos imóveis. Também gerou grande controvérsia o fato da Câmara Municipal ter assumido 80% da infraestrutura ao invés da totalidade das obras, ficando a cargo dos proprietários, nos termos da lei. Alberto Ruiz Gallardón , então prefeito de Madrid, argumentou que o acordo era anterior a essa regra.

A versão de Florentino sobre as torres.

Florentino Pérez desmente Matilde Fernandez e assegura que “a Câmara Municipal tinha razão, porque agora todos veem com orgulho as torres de Castellana, um dos símbolos de Madrid”.