Bahia perde mais que 3 pontos
Créditos: Vitor Tamar / EC Bahia
Todo torcedor sabe que existe aquela derrota que é mais dolorosa. Sim, existe. Martela na sua cabeça toda semana. Para uns, é a goleada. Para outro, aquela derrota do finalzinho. Para mim, é aquele jogo onde o time empata, vira, depois toma novamente a virada. Exatamente como hoje.
O jogo começou com um filme extremamente cansativo para o torcedor tricolor. O Bahia toma gol nos primeiros minutos, começa a pressionar loucamente e depois desanda a tomar mais gols. Nossa defesa é uma peneira e o tão gabaritado Mano, que chegou a dizer quando chegou que seria o homem certo para resolver o problema, só agravou. O que mais escutei de amigos torcedores de outros times foi: como esse time consegue ser tão ruim?
Sim, já sabemos que as peças são ruins, que temos deficiências praticamente em todos os setores. A diretoria é responsável por todas essas mazelas. Porém temos times ainda piores que conseguem render o mínimo. No Bahia, é uma letargia, embotamento irritantes. Como a coisa está bem ruim, ainda tem as decisões questionáveis. Inadmissível que Rossi entrasse como titular nesse jogo depois de fazer gestos obscenos como fez. A multa pouco pesa se a ofensa é premiada com titularidade. E não era pra estar tendo que falar isso a essa altura do campeonato, com a gestão indo para o segundo mandato. Não é sequer um jogador de grande diferença para que não pudéssemos deixar de contar.
Tudo parecia escrito para uma retumbante goleada. Gabigol expulso. “Bahia não joga com um a mais”. O eterno problema de finalização a todo momento custando nossa paz, nosso domingo. E similar ao que aconteceu na partida contra o Atlético-MG, o time voltou outro para o segundo tempo. Empatou e virou de forma que o torcedor mais otimista sequer imaginou ser possível. Não dá pra dizer que é o mesmo time. Esses lampejos mostram que existe mais do que apenas ruindade. Mano criticando Daniel e Daniel respondendo publicamente só comprovam que existem problemas sérios de gestão desse grupo. E, para que não haja dúvidas, falha também da diretoria.
A virada parecia o começo de um sonho, mas então Mano intercede novamente e o jogo volta a mudar. Saem Gilberto e Indio Ramirez, autores dos gols, para entrada de Clayson e Rodriguinho. Indio se destacou bastante na partida. Juntamente com Daniel nos trouxe esperanças de que, talvez, houvesse alguma chance de consertarmos a deficiência criativa e a má vontade vigente. A modificação parecia incompreensível. Um Rodriguinho exausto e um Clayson inexpressivo. Flamengo a frente novamente.
Só que os três pontos não foram a maior perda da partida para o Bahia. Após o jogo, Gerson, jogador do Flamengo, revelou que a confusão que teve com Indio foi por racismo e que Mano teria dado aquela velha passada de pano. Vergonhoso, criminoso, inaceitável. Por mim? Nenhum dos dois vestiriam a camisa do clube. Não sei se foi essa a razão da alteração de Mano e não existe má fase, aperto financeiro, nem o talento que possa ter que justifique aceitar esse tipo de atitude. E não, Mano Menezes, racismo não é malandragem. É crime.
Não vejo outro caminho que não seja a rescisão. E não é somente por seu papel constante de atuação com ações afirmativas, mas por Baiaco, Carlito, Lima Sergipano e tantos outros que construíram a grandeza do Esporte Clube Bahia. É por sua torcida, pela identidade que o clube construiu.
Perdemos. Muito mais que os três pontos.
Minha solidariedade a Gerson. E que esse caso não passe impune.
Após a publicação desta matéria, o Esporte Clube Bahia comunicou a saída do técnico Mano Menezes e prometeu um posicionamento em relação a Ramirez.
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