O Palmeiras não precisa de Hulk nem de nenhum medalhão
Créditos: Divlugação – Hulk em sua última partida pelo Shanghai SIPG, contra o Yokohama F Marinos, pela Liga dos Campeões da Ásia
Enquanto o palmeirense se preparava para o jogo contra o Libertad, o noticiário extracampo esquentou e colocou o veterano atacante Hulk como possível reforço para o clube. Reportagem do site Goal.com desta terça-feira apontou que o clube pensava em oferecer um contrato de dois anos para o atleta, que está de saída da China. Depois, surgiu outra notícia, de que o atacante estava negociando com o Wolverhampton, da Inglaterra, mas que o negócio travou por causa das novas regras da Premier League para estrangeiros após o Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia.
Seja como for, do ponto de vista do Palmeiras, a contratação seria um equívoco gigantesco que pode ser facilmente dividido em quatro aspectos:
Técnico – Hulk é um atleta de 34 anos que, se não tem um histórico de lesões graves, tem seu estilo de jogo calcado na força física e na explosão – dois fatores que, sabemos, vão se perdendo com o tempo. Isso é mostrado por sua queda de desempenho nos últimos anos – neste 2020, especialmente, disputou apenas 21 jogos, com 6 gols marcados. No ano passado, foram 17 gols em 37 partidas; em 2018, 17 gols em 35 jogos; em 2017, 30 gols em 44 jogos. Não dá para dizer que é um jogador no auge.
Filosófico – Historicamente a contratação de grandes medalhões pelo Palmeiras não tem dado certo. Basta lembrar do fatídico Brasileirão de 2009, quando Vagner Love chegou a peso de ouro como o centroavante que faltava, após a saída de Keirrison, e o resultado foi o que todos sabemos. Além disso, o sistema de jogo e a gestão de elenco de Abel Ferreira pressupõem uma igualdade de peso entre os jogadores que a chegada de um nome como Hulk vai, no mínimo, tumultuar.
Financeiro – Uma das razões do tumulto pode ser o descompasso de salários entre atletas que, em campo, executarão funções distintas, mas com importância semelhante para o resultado final. Uma coisa é o craque ir se desenvolvendo com o time, como aconteceu com Dudu, que aos poucos se firmou como estrela a ponto de chegar a um salário beirando os sete dígitos; outra é o sujeito chegar apenas com a fama, e uma fama de um passado que fica cada vez mais distante. Além disso, a reportagem do Goal.com fala numa oferta de R$ 2 milhões mensais, um valor completamente fora da realidade dos padrões brasileiros, ainda mais após uma temporada de arrecadações afetadas pela pandemia. E isso nos leva ao ponto final.
Político – A reportagem do Goal.com cita ainda que a oferta teria sido por Leila Pereira, dona da Crefisa, que tem notórios interesses políticos e quer ser presidenta do clube a partir de 2022. O problema é que negociações similares com essa conversa de “A Crefisa banca” renderam já uma multa da Receita Federal à financeira e, consequentemente, o surgimento de uma dívida milionária do clube junto à empresa. Junte A+B e Hulk se torna só mais um fator de chantagem da futura candidata junto aos sócios que decidirão o destino do clube daqui a um ano.
É por isso que o Palmeiras tem que esquecer essa bobagem de contratar Hulk ou qualquer outro medalhão que chegue ganhando uma fortuna. O time precisa de atacantes, é verdade, mas deve procurar jogadores em ascensão, como sempre foi nossa tradição, com preços e salários compatíveis com o mercado e suas próprias possibilidades, sem aventuras que renderão pouco em campo e servirão muito mais para benefício de uma meia dúzia.
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Professor, jornalista, pai do Davi. 42 anos, palmeirense desde os 5. Cresci na fila, vi os títulos da era Parmalat, os dois rebaixamentos e a atual reconstrução. Gosto de contar histórias e de cornetar com parcimônia. Twitter: @cesarotti
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