Faltam 12 pontos
Créditos: Gustavo Aleixo/Cruzeiro Oficial
É difícil debater racionalmente após uma derrota acachapante por 4 a 1 para o adversário até então detentor da 18ª campanha em casa, entre os 20 clubes da Série B do Campeonato Brasileiro. Antes de nós, nas últimas três partidas, o Cruzeiro havia empatado duas e perdido a outra. Longe de mim contestar a escalação de Cláudio Tencati, que deixou Bruno Matias e Luiz Henrique no banco, ou ainda reclamar do gol candidato ao Prêmio Puskás. Tudo isso faz parte do pacote.
O buraco é mais embaixo. Eu passo os dias com ansiedade e faço a soma de cada resultado como se fossem moedinhas encontradas no bolso de uma calça velha, no fundo do guarda-roupas. A grande verdade é que estou desesperado pelos 45 pontos – em tese – salvadores, que nos manterão pelo sexto ano seguido na segunda divisão nacional.
Sinceramente, cá pra nós, eu não me importo em disputar o terceiro campeonato mais importante do país com o objetivo principal de estar entre os 16 primeiros. Ou melhor, entre os 12 intermediários que não fedem e nem cheiram. Ali, tranquilinho, sem muitos sustos ou emoções. Acredito que é um patamar bastante honesto para quem estava “recentemente” (há sete anos) amargando a segunda divisão estadual.
O que mais me aflige, na verdade, é a sensação de que estruturalmente a evolução está aquém dos nossos compromissos, que nossos passos são lentos e descompassados e que, essencialmente, nada mudou. Ou seja, uma potencial queda será mais do que apenas um rebaixamento, mas o fim de inúmeras possibilidades de crescimento, algumas em andamento, que vão desde a retomada das categorias de base até a profissionalização completa do clube – e aqui vai mais um porém.
Alguns dos nossos mais importantes jogadores na temporada, como o goleiro Rafael Martins (que falhou na partida contra o Cruzeiro, é verdade), os meias Bruno Matias e Matheus Oliveira e os atacantes Danilo Gomes (que já foi embora) e Bruno José não são nossos. Estão emprestados. O Brasil, além disso, perdeu o executivo de futebol Felipe Gil para o também desorganizado Paraná Clube. E, caso alguém não lembre, estamos no mês de dezembro de 2020, a Série B termina no dia 30 de janeiro e o Gauchão começa no dia 28 de fevereiro.
As perspectivas não são animadoras, semelhante às dos últimos anos, e a derrota para um gigante cambaleante, portanto, é o menor dos nossos problemas neste momento. Enquanto o Brasil esperneia que os outros são maiores e melhores e que não há sócios suficientes, eu conto pacientemente pontinho por pontinho, anos após ano, à espera dos dias melhores.
Faltam 12 pontos.
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Jornalista, natural de Pelotas/RS e oriundo das arquibancadas do estádio Bento Freitas, escreve sobre o Grêmio Esportivo Brasil desde 2011 na internet, com passagens pelo blog ESPN FC Brasil, Toda Cancha, Blog Xavante, Impedimento e Dupla Bra-Pel, além de atualmente podcaster no Xavacast. 📷 @pedrohckruger 🐦 @pedrohckruger 🇫 @pedrohckruger
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