Jean Pyerre me dá nojo
Créditos: Grêmio Oficial
No momento em que Pepê deu o passe, eu já senti. A aurora dos despreocupados brilhou, travestida de displicência. Jean Pyerre dominou, não sei se olhou, e chutou. Um chute desgraçado, molenga, nojento. Quem vê, parece que tentou errar. “Sai daqui”, ele disse à bola, que pela maledicência do autor, decide contrariar. Atravessou adversários e quicou dentro do gol, com o arqueiro a observar, de mãos na cintura, sem saber o que aconteceu.
Olhando, parece fácil, e de tão fácil parecer, dá nojo. Jean Pyerre é nojento. Lida com a bola como passa manteiga mole no pão. Pisa, gira, escova e deixa adversários no chão sem precisar se mexer. O tronco altivo, esguio, enxerga tudo, e entrega a maldita onde quer, no pé de quem quer, na cabeça de quem quer. Ela vai, quebra tempo-espaço de jogo e chega no destino, calma e serena.
Jean Pyerre me dá nojo, me enoja de cima abaixo. Do pé direito que humilha ao fraque invisível que o orna. É uma supernova, que se receber mais um grama de classe, explodirá sem deixar nada em pé em seu mundo de desrespeito, na mesma brisa que bate ao rosto dos gênios.
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Nasceu em Bagé, Rio Grande do Sul, onde reside até hoje. É escritor, com formação em jornalismo e em marketing. Twitter: @fegrisch
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