O Brasil segue o Inter e se abre para o mundo
Créditos: Ricardo Duarte/Inter
Eduardo Coudet, Jorge Sampaoli e Domènec Torrent. Nomes que, aos poucos, vão sendo adaptados ao futebolês verde-e-amarelo, nomes por vezes difíceis de todo o torcedor conseguir pronunciar, mas nomes e sobrenomes que podem devolver o Brasil ao cenário das grandes ligas e das grandes seleções. Sim, estamos defasados em matéria de treinadores.
Os argentinos (portugueses e espanhóis, nem se fala) têm muito mais experiência internacional do que os nossos treinadores. Vide o sucesso de Simeone ou de Bielsa, na Europa, apenas para citar dois deles. É algo cultural. Nós, brasileiros, sempre nos deitamos em berço esplêndido, pois sempre resolvemos tudo no talento. Isso até 2002. A partir daí, a Seleção Brasileira jamais conseguiu repetir o sucesso de outrora. Vivemos apenas do talento de Neymar, ainda que Tite e Cléber Xavier sejam das cabeças mais arejadas dentre os treinadores brasileiros.
Mas, voltemos ao Brasileirão. Não é à toa o sucesso dos estrangeiros no comando de nossos times. Vamos ao exemplo colorado, onde Chacho Coudet ousa seguir à caça dos ricos Flamengo e Atlético-MG. Dono de um elenco limitado, em grifes e em tamanho, o Inter de Coudet mudou radicalmente o seu estilo de jogo. Do conservadorismo e, em alguns momentos, da falta de ambição do time de Odair Hellmann, no ano passado, os colorados passaram a ter um jogo mais agressivo e de grande entrega. Há um claro estilo de jogo nesse Inter, que ora ataca, ora se defende, dependendo do adversário – e dos desfalques, uma vez que já se perdeu gente de peso como Guerrero e Saravia -, mas sempre da mesma maneira.
A Era dos Treinadores Estrangeiros no Brasil é um caminho sem volta. Ainda que haja entre técnicos brasileiros e comentaristas mais obtusos quase um olhar xenófobo sobre o trabalho dos gringos. O fato é que os treinadores de fora estão dando uma nova cara ao futebol de nossos clubes, com ideias novas e diferentes posturas em campo. E Coudet, com o seu diminuto elenco, vai tornando o Inter um time com uma cultura arejada e bem distinta da maneira de o clube jogar em anos anteriores – ainda que a falta de vitória em Gre-Nais seja uma terrível mancha em seu currículo.
Além disso, Chacho fez de Thiago Galhardo uma estrela. De jogador comum, com passagens nem tão luminosas por diversos clubes, o camisa 17 do Inter passou a ser o nome mais comentado do Brasileirão. Graças a Coudet? Certamente o treinador tem boa parte nisso, bem como ter transformado o volante Zé Gabriel em zagueiro titular.
Coudet, Sampaoli, Dome, Sá Pinto (antes deles Jesus), não importa o nome, o que realmente é relevante é que os ares da globalização chegaram ao futebol brasilerio (e não apenas com nossos jogadores atuando na Europa, o que já vimos não é suficiente para a Seleção decolar), e o processo é uma onda impossível de ser parada. Após a Era Tite na CBF, não será surpresa alguma que tenhamos um treinador estrangeiro no comando da Seleção Brasileira. E isso será bom para o nosso futebol. Vide o Inter de Coudet.
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Colorado desde os anos 80, Leandro Behs, 46 anos, é formado em jornalismo pela PUCRS, na turma de 97. Trabalhou nos jornais Correio do Povo, Zero Hora, Revista Placar, Pelé.net (atual UOL), Rádio Gaúcha, Rádio Guaíba, Rádio Pampa. Atualmente, é editor e comentarista do canal no YouTube e do site Vozes do Gigante (voltado para o noticiário diário do Internacional). No currículo, Behs soma um prêmio Esso, oito Prêmios ARI (o principal prêmio do jornalismo gaúcho), cinco prêmios RBS, além de dois prêmios Press.
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